Assim que chega a Salvador após uma
viagem atribulada, e antes mesmo de seguir para o Rio de Janeiro, seu destino final, o príncipe regente
d. João assina uma carta régia abrindo os portos brasileiros às nações amigas. A medida acaba com três séculos de exclusivismo comercial português: beneficia o Brasil, que se integra ao mundo, e a Inglaterra, única potência capaz de se aproveitar da medida.
Há muito a principal fonte de renda de Portugal é o monopólio de comércio com o Brasil. Com exceção dos produtos utilizados no tráfico negreiro, todas as mercadorias coloniais são exportadas para Portugal, e de lá para o resto do mundo. E todas as que se destinam ao Brasil passam por Portugal. Isto significa preços mais altos nos dois sentidos. Cidadãos de outros países são proibidos de se estabelecer aqui e o comércio continua sendo onerado com a intermediação forçada de Portugal.
Com a abertura dos portos melhora a situação da economia brasileira: no primeiro ano, só no porto do Rio de Janeiro, entram noventa navios estrangeiros e o mesmo ocorre no Maranhão e Bahia. O frenesi dos negócios é tanto que até mesmo patins para gelo são trazidos para cá. A conseqüência adversa é a não-criação de uma indústria nacional, pois ainda que revogada a proibição de se instalar indústrias na colônia, é impossível enfrentar a concorrência estrangeira.