Adaptação da corte no Brasil

A 7 de março de 1808, com grandes festas, d. João desembarca no Rio de Janeiro, acompanhado de nobres e burocratas de um reino que ainda se espalha por quatro continentes. Para a colônia, a mudança é vantajosa, pois com o rei vêm soluções. Mas há problemas. A instalação de quinze mil recém-chegados na cidade de cem mil habitantes é resolvida à moda absolutista: funcionários percorrem as ruas pintando, nas casas melhores, as letras P e R – “Príncipe Regente” – que o povo interpreta como “Ponha-se na Rua”. Quando ocorrem requisições para abrigar os membros da corte, nada há que os moradores possam fazer.
Apesar disso,  de início os brasileiros mostram-se encantados com a nova situação. A prodigalidade é grande, e a despensa da corte, da qual depende a turba inumerável dos criados, consome muito dinheiro, gasto agora na economia local. Mas logo os brasileiros descobrem que há também aspectos negativos. Os empregos, que eles passam a cobiçar assim que sabem de sua existência, vão todos para os portugueses. Mas o dinheiro para pagá-los sai do bolso dos coloniais: em 1811 é promulgado um decreto régio apropriando-se de rendas das alfândegas da Bahia, Maranhão e Pernambuco, durante quarenta anos, para indenizar portugueses prejudicados com a invasão francesa. Nada disso pode ser agradável aos brasileiros.
Mas a elite local descobre compensações. Quem ganha muito dinheiro com a abertura dos portos acaba frequentando a corte, numa presença que o rei trata de estimular. Em troca de serviços, ou mesmo de dinheiro, os brasileiros mais plebeus, até mesmo os traficantes de escravos, recebem as mais altas honrarias; comerciantes que nunca haviam pegado em armas são tornados cavaleiros e os católicos mais relapsos recebem a Ordem de Cristo. Sozinho, o príncipe regente fez mais nobres no Brasil do que todos os Braganças anteriores.
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