Defesa do ilustríssimo e excelentíssimo senhor conselheiro desembargador José Bonifácio de Andrada e Silva, Pai da Pátria, Patriarca da Independência do Brasil
JAPIASSU, Cândido Ladislau
A principal razão para ler a obra editada pelo advogado Cândido Ladislau Japiassu é histórica. Trata-se de um excelente testemunho sobre período pouco estudado da trajetória de José Bonifácio: sua demissão do cargo de tutor dos príncipes imperiais, em dezembro de 1833. Japiassu fornece um panorama detalhado, ainda que bastante parcial, do jogo político nos primeiros anos da Regência. E, aqui, o que originalmente foi uma peça de defesa e de propaganda não apenas de José Bonifácio, mas do próprio autor, também implicado na acusação de partidário da restauração de d. Pedro I, torna-se outra coisa. Ganha destaque como documento histórico importante para compreender não apenas o momento em questão. O principal acusado pelo autor — Aureliano de Sousa Coutinho — foi também um dos articuladores do grupo que, contando com a participação do mordomo-mor Paulo Barbosa da Silva e da camareira do príncipe, d. Mariana da Verna, iria constituir o chamado Clube da Joana. Garantindo influência direta sobre o jovem Pedro II, o grupo não apenas teve papel fundamental na antecipação da maioridade, como também controlou o jogo político dos anos iniciais do Segundo Reinado.
Mas há ainda uma outra razão, ainda mais atraente, para ler a defesa de Japiassu. Seu texto é um eloqüente sinal de que o epíteto “Patriarca da Independência”, dado a José Bonifácio, é muito mais antigo do que geralmente se supõe. Antes de permear o discurso de diversos pesquisadores, já estava na mente e nas palavras de contemporâneos do velho Andrada. |