A Revolução Francesa, iniciada em 1789 e inspirada pelo iluminismo, instala uma república na França, no lugar da monarquia absolutista como forma de governo. Nos anos seguintes, o Parlamento francês é marcado por disputas entre os partidos dos girondinos (de centro), jacobinos (de esquerda) e monarquistas (de direita). Em 1798 os jacobinos conquistam maioria e articulam o golpe que leva ao poder Napoleão Bonaparte (1769-1821). Considerado um gênio militar, feito general aos 27 anos, Napoleão envolve-se em inúmeras guerras na Europa, ao longo das quais se faz coroar imperador da França e das regiões conquistadas, entre elas, por exemplo, a Itália e a Espanha. Por três vezes promove invasões francesas em Portugal. Tendo como maior oponente a Inglaterra, ele decide “estrangular” a economia inglesa, proibindo todos os demais países do continente europeu de comerciar com os ingleses. Decreta, portanto, em 1806, o chamado bloqueio continental.
Portugal encontra-se numa encruzilhada. De um lado, é ameaçado pelas tropas napoleônicas; de outro, é tradicional aliado político dos ingleses, de quem sua economia é profundamente dependente. O regente d. João, futuro d. João VI, decide não aderir ao bloqueio e, no ano seguinte, tem seu reino invadido. Enfrentando uma situação caótica – com medo de ver-se destronado por generais franceses e na tentativa de diminuir os riscos de perder o Brasil, a rica colônia que é o outro pilar econômico de sua Coroa –, ele decide deixar Lisboa e inicia a viagem da família real para o Brasil. Parte em 29 de novembro de 1807, levando todo o dinheiro do Tesouro Real, quinze mil cortesãos, funcionários, arquivos, bibliotecas, músicos e artistas.