A política metropolitana de obscurantismo cultural na colônia não se limita à proibição da
imprensa ou de faculdades no Brasil. Na segunda metade do século XVIII, para dificultar a difusão de idéias consideradas revolucionárias, o governo metropolitano acentua as restrições à circulação de livros e idéias em seus domínios americanos. Para um brasileiro, é quase impossível difundir suas idéias. Para publicar um livro no Brasil é preciso enviá-lo a Portugal e obter permissão da censura para a impressão. Mesmo depois disso, não há a certeza de que os exemplares irão chegar ao Brasil, pois isto ainda requer uma permissão das autoridades aduaneiras.
Toda a vida literária brasileira, portanto, depende então da boa vontade dos funcionários portugueses, em geral pouco propensos a conceder aos colonos a leitura de algo mais que livros de difusão religiosa. Com isso, a única opção restante é o contrabando praticado pelas camadas letradas, que incluem os bacharéis luso-brasileiros formados na
Universidade de Coimbra, os clérigos e os principais representantes da justiça em terras coloniais.
Esse estado de coisas, entretanto, mudou com a
viagem da família real para o Brasil e a gradual adaptação da corte ao novo território, quando são afinal tomadas importantes medidas em prol da difusão e da produção científica, e suspensa a política de formação de analfabetos e iletrados.