“É preciso sacrificar-se para o bem do Brasil, e tu não verás este bem; os campos estarão cheios de sementeiras e de flores; e tu as não gozarás. A esposa, que amavas, te consolará com esperanças de melhor futuro; mas tu já não existes, foste vítima de malvados. Ela chorará sobre teu cadáver, mas suas lágrimas ardentes se ensoparão na terra fria do teu sepulcro sem que aqueçam teu coração. Ah, como o engenho, o patriotismo e a virtude se secam e mirram nestas considerações! Mas vivamos hoje, se no-lo permitem; e não lutemos contra o destino. O indivíduo é nada, a espécie é tudo.”
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Iluminismo em Portugal
Em vários países europeus, entre eles Portugal, os monarcas absolutos (ou seus ministros) adotam, a partir de meados do séc. XVIII, medidas inspiradas na filosofia iluminista: tolerância religiosa, reformas administrativas e econômicas, reorganização do sistema de ensino, abolição da tortura, limitação dos privilégios da nobreza e do clero etc. A essa forma singular de conciliação entre o poder absoluto dos monarcas e os princípios do iluminismo dá-se o nome de “despotismo esclarecido”. Entre os principais “déspotas esclarecidos” está o marquês de Pombal, ministro do rei d. José I, de Portugal. Deve-se a ele a chamada reforma pombalina, de 1772, que reformulou os métodos de ensino da Universidade de Coimbra. José Bonifácio, que lá estudou, fez parte de uma importante geração de universitários que, uma vez formados, puseram seu saber técnico a serviço de programas político-administrativos. Conhecida como a “geração de 1790”, esta inclui homens como Manuel Ferreira da Câmara Bethencourt e Sá, futuro intendente das Minas de Ouro e Diamantes da província de Minas Gerais, e Martim Francisco Ribeiro de Andrada, que ocupará o cargo de diretor das Minas e Matas da província de São Paulo. Outro ex-aluno, Francisco de Melo Franco, num poema cômico intitulado O reino da estupidez, cujo manuscrito data de 1785, ridiculariza o ensino tradicional de Coimbra, tal como era antes de ser reformulado.