Após a separação entre Brasil e Portugal, é enorme a lista dos problemas urgentes a resolver. Há questões imediatas: as
guerras da Independência, a crise econômica, a necessidade de
reconhecimento do Império no plano diplomático internacional, a divisão entre os partidários de
d. Pedro I e aqueles que apóiam as Cortes de Lisboa, bem como os movimentos de “mata marinheiro”, que hostilizam os comerciantes nascidos em Portugal, controladores da distribuição de gêneros importados nas principais cidades do Brasil. Tais problemas precisam ser superados em paralelo aos obstáculos de longo prazo: obter, por meio da
Assembléia Constituinte, uma
primeira Constituição, enfrentando os
conflitos entre o legislativo e o executivo; implantar uma política econômica; traçar a estratégia de inserção do país no concerto das nações; definir o caminho da sociedade; criar um sistema educacional etc.
Para fazer frente a tantos desafios, os meios são escassos no final de 1822: o imperador tem domínio militar de apenas três províncias (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais); sua esquadra de guerra é obsoleta; o tesouro está vazio; quase nenhum apoio externo se verifica.
O comércio, a principal atividade econômica da época, continua nas mãos de portugueses. No entanto, para alguns brasileiros, buscar a Independência é justamente adquirir domínio sobre o comércio, o que evidentemente gera ferrenha disputa, a ser administrada pelo imperador. Além disso, há descontentamento entre os radicais com a fórmula de governo adotada, sob o comando do herdeiro do trono português. Esses radicais, muitos deles membros da
maçonaria, que apóiam a Independência e não querem pô-la a perder, oscilam entre apoiar o governo e atacá-lo, sobretudo quando este toma medidas autoritárias.